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mocao de repudio

Salto, 06 de dezembro de 2018

Na sessão ordinária da última terça-feira, dia 04, os vereadores Antonio Cordeiro dos Santos, Divaldo Aparecido dos Santos “Garotinho” e Ezequiel de Souza Damasceno “Kiel” apresentaram uma Moção de Repúdio ao advogado Flavio Roberto Garcia, vice-presidente da OAB de Salto, e ao policial militar Jonatas Guedes, pelos infelizes comentários referentes ao assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, feitos no grupo do Facebook “Conecta Salto!”.

O teor das conversas teve inicio após a polêmica da KAU Hamburgueria de Salto, que nomeou um dos lanches oferecidos em seu cardápio de “Maria da Penha”, sendo que um dos ingredientes era “repolho roxo”, com destaque de cor diferenciada para “olho roxo”, gerando uma avalanche de críticas nas redes sociais e na imprensa nacional.

Numa postagem do grupo “Conecta Salto!”, como “piada” ao ocorrido com a hamburgueria, o cabo Jonatas Guedes sugeriu: “Quero o X-Marielle”, em referência à vereadora Marielle Franco, assassinada brutalmente a tiros em março deste ano na cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, o advogado Flavio Roberto Garcia, vice-presidente da OAB de Salto, perguntou: “Muitas azeitonas?”, sendo que o termo “azeitona” é uma gíria usada para se referir a balas ou projéteis de arma de fogo – Marielle morreu com quatro tiros na cabeça. A conversa entre os dois terminou com o cabo da PM respondendo: “Não me recordo com quantas azeitonas vem”.

Os vereadores destacam, no texto da Moção, que tais comentários ofenderam e causaram indignação a milhares de pessoas por todo o Brasil e que não compactuam “com comentários que ferem a dignidade da pessoa da vereadora Marielle Franco, apoiadora e lutadora das causas dos menos favorecidos, das minorias, dos excluídos, contra pobreza, homofobia, xenofobia, racismo, machismo, sexismo e todo tipo de preconceito contra pessoas”. Afirmam ainda que os casos de violência contra a mulher vêm se multiplicando no Brasil e que “a grande maioria dos autores andam impunes pelas ruas, como se nada tivesse acontecido, e que não existe nada de “piada, brincadeira ou graça” nisso”.

Cordeiro, Garotinho e Kiel ressaltam também que os autores dos comentários são pessoas públicas “que deveriam, por força do emprego e do cargo que ocupam, zelar pelo bem, pela honra, pela dignidade e pela vida do ser humano” e consideram que “uma simples retratação não apaga, não consola e muito menos repara o dano causado à imagem da vereadora Marielle Franco e de toda comunidade que ela representava”.

Os autores da propositura requerem ainda que, depois de aprovada em Plenário, a Moção seja encaminhada à Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Salto, e à Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de São Paulo, para que, por meio do Conselho de Ética e Disciplina, instaurem procedimento disciplinar para apurar infração a princípios ou normas de ética profissional com relação à conduta de seu vice-presidente, Flavio Roberto Garcia. Quanto à conduta do policial militar Jonatas Guedes, os autores requerem o encaminhamento da propositura ao Comando do 50º Batalhão de Polícia Militar do Interior, para que tomem as providências que julgar necessárias.

Depois de apresentada, a Moção nº 02/2018 segue tramitando na Casa de Leis, aguardando parecer do setor jurídico do Legislativo saltense e também das Comissões Permanentes, antes de ir para discussão e votação em Plenário.